terça-feira, 25 de novembro de 2008

Enquadramento Geográfico das técnicas construtivas de terra, em Portugal

A sul do país, aproximadamente até aos anos 50, a taipa era a técnica construtiva mais utilizada, tanto no Alentejo e Ribatejo (também identificado em Abrantes e Santarém), como no Algarve (a sul das Serras de Monchique e do Caldeirão). Na região em estudo, esta técnica foi muito utilizada no Baixo Alentejo, assim como no sul do Alto Alentejo, existindo no entanto, áreas específicas isoladas no meio da construção em taipa, onde se edificava em alvenaria de pedra (especialmente alvenaria de xisto, como é o caso de Monsaraz) ou em adobe. Esta última técnica aparecia sobretudo em zonas de aluvião (por exemplo, o vale do Sado), mas também em bolsas pontuais onde a terra era mais argilosa (alguns edifícios da aldeia da Luz) e por vezes nas paredes interiores das habitações.
O centro litoral era dominado pelo adobe, devido às regiões de grande aluvião. Uma grande variedade de tipologias de adobe é identificada por todo o centro (observado na zona ribatejana, em Almeirim, Coruche e Benavente). Quando eram realizados com terra mais arenosa, como a existente em Pataias, concelho de Nazaré, procurava-se travar a alvenaria de adobe, entre cada fiada horizontal, com pedaços de telha, ou então utilizava-se uma argamassa forte de cal e areia. Quando o próprio adobe era composto por cal e areia, logo de melhor consistência, era possível inclusive a sua utilização na construção de poços de água para a rega agrícola, como os existentes na freguesia de Fermentelos, concelho de Águeda. A técnica foi desaparecendo durante as décadas de 60 e 70.
O norte e centro interior do país (zonas de maior altitude) são dominados pela alvenaria de pedra. Quando se tratam de dois ou mais pisos, mas também de habitação mais pobre de um só piso, é comum encontrarem-se paredes mais ligeiras em taipa de fasquio ou taipa de rodízio. No entanto, também se podem identificar bolsas isoladas de taipa de terra comprimida, nomeadamente na freguesia de Lanheses, concelho de Viana do Castelo. Nesta área, a população denomina a técnica por "tapia", provavelmente com reminiscências à vizinha Galiza, em Espanha.

In A TAIPA ALENTEJANA: SISTEMAS TRADICIONAIS DE PROTECÇÃO, autora: Mariana Correia

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